EVENTOS
O mundo está a queimar e Mr. Gallini está a arder. O novo álbum a solo de Bruno Monteiro,
o primeiro cantado em português, expande ainda mais o seu universo caleidoscópico. Com
canções curtas e certeiras, são hinos para o Verão mais quente das nossas vidas.
Natural dos Pisões (Alcobaça), Bruno Monteiro deu-se a conhecer como baterista dos Stone
Dead e depois a solo com uma trilogia de discos que revelam diferentes facetas e formas de
fazer música. À pop psicadélica de Lovely Demos (2018), disco mais caseiro e acústico,
seguiu-se a electrónica surrealista de The Organist (2019), baseado em teclados e
sintetizadores, com influências do 8-bit ao krautrock.
O novo Já Ninguém Vai Mudar o Mundo é um disco mais musculado, trabalhado com mais
mãos. Com espírito punk e ginga rock'n'roll, “Fogo no Cu” e “Primavera” são feras em fúria,
ecoam os melhores instintos da arte de fazer canções. Mas o disco também brilha com
cordas acústicas, folk rústica, instrumentos de sopro, mosaicos sónicos e preciosidades
como a brisa brasileira de “Pano Verde”, que derrama beleza e calor transatlântico.
Bruno Monteiro canta as palavras sem pudores, deslinda os dilemas da vida, molda os
medos e ânsias em melodias para almas alienadas. Na vertigem da electricidade ou num
aconchego cálido e acústico, este é um álbum mais rico em texturas e instrumentos, de um
talento que cresce de disco para disco. Mr. Gallini sabe que não vai mudar o mundo, mas já
o tornou melhor com estas canções.